02/11/2014

adeus lenço disfarçado!

Antes de falar nos aspectos espirituais da viagem para Meca quero mencionar uma pequena mudança relativa a minha aparência.

Depois de abraçar o islam constatei rapidamente que o tema "lenço" exaltava os ânimos tanto dos muçulmanos como dos chamados "críticos do islam" duma maneira completamente desproporcionada. A mim isto enervou-me um pouco - acho que não se deve reduzir uma religião a uma peça de tecido. Para já, o véu não é um pilar do islam, em contrário da confissão, da oração, da Zakat, do jejum e do hajj. 

Escrevi vários artigos sobre essa minha opinião - infelizmente (ainda) não os traduzi. Quem compreender alemão: os links para os artigos em alemão estão em baixo.

O que até agora não fiz, foi dizer se eu próprio uso algum "resguardo da cabeça" ou não. Normalmente não costumo contar aqui no blogue como lido com temas controversos, mas desta vez vou abrir uma excepção - talvez consiga tornar aquela nova pequena mudança pelo menos um pouco compreensível para os leitores não-muçulmanos.

No início tinha a tendência de partilhar a opinião de muitos muçulmanos liberais e modernos e considerar o lenço obsoleto. Era o desejo o pai do pensamento - tudo seria mais fácil se a minha fé não dava logo na vista... 

Podia ter ficado nesta. Para já não tinha marido que me obrigava embrulhar-me, nem havia "polícias haram" nos meus arredores, e nem sequer muçulmanos que me tentassem influenciar.

Mas mesmo que as publicações dos liberais pareciam muito lógicas a uma "nova" - de alguma maneira não me sentia confortável. Por isso comecei a investigar os 4 ">maddhab", e constatei que a grande parte dos chamados eruditos, aqueles que estudaram a religião, e deles não só os antepassados, nem apenas os conservativos, acham que os versos em causa (ver em baixo) são prova de que cobrir o cabelo é um dever para a mulher muçulmana. E também descobri que muitas muçulmanas modernas, liberais e independentes vêem a coisa da mesma maneira e usam o lenço com toda a naturalidade.

No fundo não tinha sido necessário fazer esse trabalho: A minha própria intuição dissera o mesmo, embora não quis admitir no início. Mas nem o verso 60 do capitulo "An-Nur" do corão  (ver embaixo) conseguiu tirar-me o desejo de cumprir esse mandamento.

Então comecei a usar o lenço. Fiz um belo nó na nuca ou dei umas voltas à cabeça com o pano. Porque não quis que os meus familiares e amigos tivessem de envergonhar-se demasiado pela sua esposa/mãe/filha/irmã/tia/cunhada/amiga etc. enlouquecida...

Foi aceite melhor do que pensava. Só: Claro que assim não atingi o objectivo: Não fui reconhecida como muçulmana.  Até essa maneira disfarçada de usar o lenço foi enganador: Às vezes alguém ousou perguntar-me se estava boa de saude - provavelmente suspeitaram uma quimioterapia. Outros pensavam que se tratava dum acessório um pouco excêntrico. E quando por acaso uma vez encontrei outro "hijab" - coisa que por aqui acontece muito raramente - o meu pano disfarçado também não chegou para ser reconhecida, nem para um curto contacto de olhos, quanto menos para um tão desejado "salam alaikum".... 

Bem. E agora ia partir para o hajj, para a peregrinação. E eu decidi usar o lenço de maneira islamicamente correcta pelo menos durante esta viagem, do primeiro até o ultimo momento. 

Ousei. Pareceu certo. E senti-me bem. 

E por isso, assim deixei.

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Os capítulos relevantes:

Ó Profeta, dize a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos fiéis que (quando saírem) se cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que sejam reconhecidas e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo.
(Al-Ahzāb: 59)

Dize às fiéis que recatem os seus olhares, conservem os seus pudores e não mostrem os seus atrativos, além dos que (normalmente) aparecem; que cubram o colo com seus véus e não mostrem os seus atrativos,............ 
(An-Nur: 31)

(aliás, só para informação: os homens são mencionados em primeiro lugar: Dize aos fiéis que recatem os seus olhares e conservem seus pudores, porque isso é mais benéfico para eles; Deus está bem inteirado de tudo quanto fazem. (An-Nur: 30)

Quanto às idosas que não aspirarem ao matrimônio, não serão recriminadas por se 
despojarem das suas vestimentas exteriores, não devendo, contudo exporem os seus atrativos. Porém, se se abstiverem disso, será melhor para elas. 
Sabei que Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo.(An-Nūr: 60)


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Os Links para os artigos em alemão

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