Antes de falar
nos aspectos espirituais da viagem para Meca quero mencionar uma pequena
mudança relativa a minha aparência.
Depois de abraçar
o islam constatei rapidamente que o tema "lenço" exaltava os ânimos
tanto dos muçulmanos como dos chamados "críticos do islam" duma
maneira completamente desproporcionada. A mim isto enervou-me um pouco - acho
que não se deve reduzir uma religião a uma peça de tecido. Para já, o véu não é
um pilar do islam, em contrário da confissão, da oração, da Zakat, do jejum e
do hajj.
Escrevi vários artigos sobre essa
minha opinião - infelizmente (ainda) não os traduzi. Quem compreender alemão: os links para os
artigos em alemão estão em baixo.
O que até agora
não fiz, foi dizer se eu próprio uso algum "resguardo da cabeça" ou
não. Normalmente não costumo contar aqui no blogue como lido com temas
controversos, mas desta vez vou abrir uma excepção - talvez consiga tornar
aquela nova pequena mudança pelo menos um pouco compreensível para os leitores não-muçulmanos.
No início tinha a
tendência de partilhar a opinião de muitos muçulmanos liberais e modernos e
considerar o lenço obsoleto. Era o desejo o pai do pensamento - tudo
seria mais fácil se a minha fé não dava logo na vista...
Podia ter ficado
nesta. Para já não tinha marido que me obrigava embrulhar-me, nem havia
"polícias haram" nos meus arredores, e nem sequer muçulmanos que me
tentassem influenciar.
Mas mesmo que as
publicações dos liberais pareciam muito lógicas a uma "nova" - de
alguma maneira não me sentia confortável. Por isso comecei a investigar os 4
">maddhab", e constatei que a grande parte dos
chamados eruditos, aqueles que estudaram a religião, e deles não só os antepassados, nem apenas os conservativos, acham
que os versos em causa (ver em baixo) são prova de que cobrir o cabelo é
um dever para a mulher muçulmana. E também descobri que muitas muçulmanas modernas, liberais e independentes vêem a coisa da mesma maneira e usam o lenço com toda a
naturalidade.
No fundo não
tinha sido necessário fazer esse trabalho: A minha própria intuição dissera o
mesmo, embora não quis admitir no início. Mas nem o verso 60 do capitulo
"An-Nur" do corão (ver embaixo) conseguiu tirar-me o
desejo de cumprir esse mandamento.
Então comecei a
usar o lenço. Fiz um belo nó na nuca ou dei umas voltas à cabeça com o pano.
Porque não quis que os meus familiares e amigos tivessem de envergonhar-se
demasiado pela sua esposa/mãe/filha/irmã/tia/cunhada/amiga etc. enlouquecida...
Foi aceite melhor
do que pensava. Só: Claro que assim não atingi o objectivo: Não fui reconhecida
como muçulmana. Até essa maneira disfarçada de usar o lenço foi
enganador: Às vezes alguém ousou perguntar-me se estava boa de saude -
provavelmente suspeitaram uma quimioterapia. Outros pensavam que se
tratava dum acessório um pouco excêntrico. E quando por acaso uma vez encontrei
outro "hijab" - coisa que por aqui acontece muito raramente - o meu
pano disfarçado também não chegou para ser reconhecida, nem para um curto
contacto de olhos, quanto menos para um tão desejado "salam
alaikum"....
Bem. E agora ia
partir para o hajj, para a peregrinação. E eu decidi usar o lenço de maneira
islamicamente correcta pelo menos durante esta viagem, do primeiro até o ultimo
momento.
Ousei. Pareceu
certo. E senti-me bem.
E por isso, assim
deixei.
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Os capítulos
relevantes:
Ó Profeta,
dize a tuas esposas, tuas filhas e às mulheres dos fiéis que (quando saírem) se
cubram com as suas mantas; isso é mais conveniente, para que sejam reconhecidas e não sejam molestadas; sabei que Deus é Indulgente,
Misericordiosíssimo.
(Al-Ahzāb: 59)
Dize às fiéis
que recatem os seus olhares, conservem os seus pudores e não mostrem os seus
atrativos, além dos que (normalmente) aparecem; que cubram o colo com seus véus
e não mostrem os seus atrativos,............
(An-Nur: 31)
(aliás, só para informação: os homens são
mencionados em primeiro lugar: Dize aos fiéis que recatem os seus
olhares e conservem seus pudores, porque isso é mais benéfico para eles; Deus
está bem inteirado de tudo quanto fazem. (An-Nur: 30)
Quanto às
idosas que não aspirarem ao matrimônio, não serão recriminadas por se
despojarem das suas vestimentas exteriores, não devendo, contudo exporem os
seus atrativos. Porém, se se abstiverem disso, será melhor para elas.
Sabei que
Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo.(An-Nūr: 60)
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Os Links para os
artigos em alemão
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