29/04/2011

peço desculpa

O meu blogue principal é em alemão, minha língua materna. Mas como vivo em Portugal resolvi traduzi-lo para português, só que estou um pouco atrasada. Peço desculpa - também pelo facto da tradução não ser sempre perfeita, simplesmente não tenho tempo para mais. Quem souber alemão pode passar para a versão alemã - os outros peço que tenham paciência - vou traduzindo pouco a pouco os últimos posts.

Como publico esses post's com a data original, vale a pena ver de vez em quando no arquivo....

de volta

de volta em casa - back home - wieder zuhause - 
wider deheim - retour à la maison - 
de nuevo en casa - tornato a casa -
 ابن الوطن
O símbolo para um novo início:
a chaminé na minha casa... :-)

23/04/2011

Oração de sexta-feira, 2ª tentativa

Ponderei muito tempo se ia publicar a minha segunda experiência aqui ou não. Porque no fundo o que quero com este blog é diminuir preconceitos – não confirmar...


Mas, em nome da verdade, vou contar, como foi. Com o risco que um ou outro não-muçulmano dirá: „viste – sempre de disse, não disse?”

20/04/2011

O meu sonho de Meca

Meca -  مكة المكرمة

Gosto muito de ver as reportagens em directo da mesquita Al-Haram de Meca. Multidões incríveis, inclinando-se e prostrando  em filas exactas. Durante a Hadj (peregrinação) estão todos vestidos de branco, mas também fora dessa altura não se consegue distinguir as pessoas pela roupa, não se vê de onde é que vem cada um, que profissão que tem, de que classe social é. O que é uma pena é que os média no ocidente não costumam falar da calma e da disciplina com que os crentes praticam as orações, mas sim das poucas excepções.


Não é apenas a sensação de praticar a oração com centenas de milhares de pessoas de todas as raças, todas as classes sociais, das mais variadas maneiras de viver. É mais:  é saber que ao mesmo momento há bilhões de muçulmanos no mundo inteiro que estão rezando em direcção da Kaaba. E se já em casa, no nosso quartinho, conseguimos ter aquele sentimento maravilhoso – difícil imaginar-se como será então no „centro da oração“…. Um dia hei de saber. Se Deus quiser.

19/04/2011

Hijab

Não, já não vou justificar a minha crença, estou farta disto. Explicá-lo-ei a quem quiser com muito gosto - o melhor que sei. E defendê-lo-ei se for necessário. Mas já não o justificarei. É que aquela vergonha que senti do princípio (perante mim próprio e o mundo) transformou-se em orgulho. Sim, sou orgulhosa por ser muçulmana, não por nascimento ou por documento, mas conforme o sentido da palavra: "submissa a Deus".

E agora surge a pergunta por aquele pedaço de tecido, de cujo uso parece depender a paz espiritual tanto dos homens como das mulheres muçulmanos. (E de cujo não - uso parece depender tanto a paz espiritual de todos os não-muçulmanos ....) E sobre o qual se discuta até que as cabeças deitam fumo...

16/04/2011

O Islam faz feliz?

Sim! Sim! Islam faz feliz! Por gastas que estas palavras pareçam: o Islam traz calma, paz interior. Faz com que as coisas sem importância não tenham importância, que o útil pareça útil, o belo belo, o mau mau. Ajuda a enfrentar situações desagradáveis e problemas com mais calma. Faz com que nos apercebemos dos milagres da natureza com mais intensidade, de maneira que possamos goza-los com todos os sentidos. Para nem falar daquela sensação durante a oração (de que falo constantemente na "metamorfose"), ou outros momentos em que nos lembramos de Deus.

A única gota de amargura - mas mesmo muito amarga - é a rejeição pelo mundo que nos rodeia, os medos  que obviamente se provoca em familiares e amigos.

15/04/2011

Alcorão para teimosos

 Muitos não-muçulmanos não compreendem como é que uma pessoa consegue acreditar, que o Alcorão na sua totalidade é de origem divina. Vou tentar explicar tão breve como possível, mas um pouco mais explícito do que na "Metamorfose", como foi que eu cheguei a esta conclusão. Não é uma única razão – antes o conjunto de vários aspectos. No fundo cada um deles já é um milagre, mas, teimosa que sou, desvalorizei-os dizendo:  „bem, procurando a sério, encontra-se uma coisa destas em qualquer livro… )

09/04/2011

O meu tapete voador

Pelo menos cinco vezes por dia dou um pequeno voo – no meu tapete de oração


Claro, não me consigo sempre concentrar totalmente (é incrível para que esferas profanas os pensamentos podem divagar quando menos se quer). Mesmo assim, aprecio esses passeiozinhos. E também quando  às vezes fico ajoelhada no fim duma oração, com o meu alcorão enorme em frente de mim, seguindo as letras bonitas com o meu indicador direito e tentando decifrá-las, ouvindo a minha própria voz de longe, fico depois com a sensação de ter dado um voltinha algures.

08/04/2011

Instinto – Fitra ?

Uma das minhas primeiras perguntas foi:


“Porque é que Deus se preocupa com o que vestimos, nos dá regras como e quando e quantas vezes temos de rezar. O que podemos comer e o que não. Isto é mesquinho, não corresponde com a ideia de um Deus Grande, acima de tudo”

A resposta foi vaga. »Isto faz parte da sabedoria de Deus». Claro que não compreendi. Mesmo assim senti uma “necessidade interior”  de cumprir estas regras esquisitas. Um género de instinto, que ia ficando mais forte com o tempo.

No islão, este „instinto“ tem um nome: Fitrah. Diz-se que cada ser humano nasce com ela, e conforme a vida que leva ou também pela educação, esta fitrah pode ir ficando “tapada”. Parece me lógica a comparação com o instinto, que também controlamos através do juízo (ou da fitrah?), por exemplo travamos o instinto reprodutivo e reforçamos o instinto materno. 

Mas para mim foi importante ser capaz de me explicar esta „necessidade interior“ também intelectualmente. E cheguei a conseguir, porque realmente vejo o alcorão  como um „universo falando“. Olhamos para o universo, e conseguimos compreender algumas coisas. Mas muitas outras ficam no mistério. Mesmo assim existem. E são verdade. Com o alcorão, é igual. Até ele próprio diz:



«Ele foi Quem te revelou o Livro; 
nele há versículos fundamentais, que são a base do Livro, havendo outros alegóricos. Aqueles cujos abrigam a dúvida, seguem os alegóricos, a fim de causarem dissensões, interpretando-os capciosamente. Porém, ninguém, senão Deus, conhece a sua verdadeira interpretação. Os sábios dizem: Cremos nele (o Alcorão); tudo emana do nosso Senhor. Mas ninguém o admite, salvo os sensatos. 
(Sura 3, verso 7) 

Ele é o Primeiro e o Último; o Visível e o Invisível, e é o que sabe tudo. 
(Sura 57, verso 3) 

Conhecedor do cognoscível e do incognoscível, o Poderoso, o Prudentíssimo. 
(Sura 64, verso 18)

E assim aceito o facto de que o universo é verdade, mas que nele há muitas coisas que não compreendo. E aceito o facto, de que o alcorão é verdade e que também nele tem muitas coisas que não compreendo. E cumpro regras cuja sabedoria só Deus conhece. É tão simples como isso